O uso de telemóveis, computadores ou de outros dispositivos eletrónicos podem ser benéficos para a aprendizagem, mas é urgente reconhecer que as novas tecnologias trazem riscos, nomeadamente o bullying digital, bem como um efeito negativo na estabilidade emocional das crianças. É esta a conclusão do relatório anual da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) sobre a tecnologia em contexto escolar.

A 8 de janeiro, foi divulgada a Grande Reportagem SIC “Agarrados ao Ecrã”, que, com a participação da Educadora Elizabete Seixas do Pólo de Arranhó do Colégio José Álvaro Vidal, visou compreender “o impacto que o uso dos dispositivos digitais têm na saúde, no cérebro e no desenvolvimento”.

Segundo Elizabete Seixas, há “crianças a trazer o telemóvel para a escola porque os pais verbalizam que não lhes conseguem o retirar mesmo”, tornando este objeto tecnológico numa constante presença na vida das novas gerações.

“Estamos a falar de crianças com dez meses, doze meses em que os pais só conseguem dar a refeição à criança se tiver o telemóvel à frente; deixá-los estar ao telemóvel ali sentados no sofá até eles adormecerem. E até situações em que a criança está a dormir, quando acorda durante a noite, já ali está o telemóvel ao lado para não fazer barulho e ficar entretido. Isto acontece, é uma realidade.”

Foram várias as escolas, a nível nacional e mundial, que já proibiram o uso do telemóvel nos intervalos, de forma a incentivar o convívio entre alunos.

Em França, a proibição vigora desde 2018. Também algumas regiões espanholas adotaram a medida. Já a Austrália impede a entrada de dispositivos eletrónicos em algumas Escolas. Mais recentemente, foram os Países Baixos, Itália e a Finlândia que decidiram interditar a utilização de telemóveis, tablets e smartwatches nas salas de aula.

A nível nacional, o debate da interdição dos telemóveis, em contexto educativo, ganhou destaque no ano passado quando a petição “Viver o recreio escolar, sem ecrãs de smartphones!” juntou mais de 20 mil assinaturas e colocou o tema na agenda do Ministério da Educação, tutelado por João Costa, resultando em que escolas de norte a sul de Portugal também adotassem ações mobilizadoras da comunidade educativa quanto ao uso destes dispositivos no recreio e nas salas de aula.

Não deixe de visualizar a Grande Reportagem “Agarrados ao Ecrã”, da jornalista Catarina Marques, no Jornal da Noite da SIC, através da sua box.